Em março eu finalmente li “Frenesi Polissilábico”, do Nick Hornby, o que me inspirou para tentar escrever sobre minhas experiências literárias seguindo mais ou menos aquele estilo. A Tássia já escreveu nessa pegada aqui no blog, então eu resolvi me aventurar. Só que março passou e eu não escrevi nada, então resolvi fazer um apanhado do que li em abril, que foi um mês em que li excepcionalmente bastante.
Comecei abril terminando de ler “Sobre a Beleza”, que eu havia iniciado em março. Eu já tinha lido “O Colecionador de Autógrafos”, da Zadie Smith, e não gostei muito, mas resolvi dar mais uma chance à ela. Conclusão: acho que não vou ficar muito fã da autora mesmo. Não me empolguei muito com “Sobre a Beleza”, e senti o mesmo tipo de problema que já havia detectado antes: não consigo ter empatia por nenhum dos personagens. A única coisa que me chamou a atenção foram algumas discussões levantadas a respeito de assuntos que me interessam, como meritocracia e alguns conceitos de arte.
Na sequência, li “Palestina”, de Joe Sacco. Não havia lido nada ainda dele, e por sorte tem uma porção de livros em casa, que devo desbravar nos próximos meses. Durante a leitura fiquei pensando sobre a minha escolha de ser jornalista, carreira que, no momento, decidi deixar para trás, e em como eu nunca teria coragem de fazer esse tipo de jornalismo do Joe Sacco, de estar lá no meio do conflito, arriscando-se para conseguir boas histórias. Mesmo que em alguns momentos ele chegue a dizer que é covarde, acho tudo muito mais corajoso do que eu jamais conseguiria.
Peguei então “Cosmopolis”, do Don Delilo, para ler. Não sei se é o por ter o Robert Pattinson na capa, ou de meu marido ter falado que não tinha gostado muito, mas o fato é que eu também não consegui curtir. Embora eu ache que uma parcela de culpa tenha a ver com um fato que já apontei antes: não consegui gostar dos personagens do livro. O protagonista é um chato que quer cortar o cabelo e precisa atravessar a cidade para isso, dentro de sua limousine, enquanto tudo está um caos por causa de uma visita do presidente. As cenas que vão acontecendo no decorrer da história são um tanto absurdas, mas não despertaram meu interesse, infelizmente.
Depois, li um livro que foi minha compra mais recente. “Battle Royale”, do Koushun Takami, que acabei comprando porque estava na livraria um dia, e ele estava com 50% de desconto. Eu já li o mangá há algum tempo, que considero uma das coisas mais impressionantes e perturbadoras que já vi. A história: Durante o que eles consideravam ser uma excursão escolar, 42 estudantes vão participar de um programa do governo japonês que consiste em se matarem uns aos outros, até que reste apenas um vivo. Cada um recebe um kit de sobrevivência com uma arma aleatória, que pode ser desde um garfo até uma metralhadora. O livro tem mais de 600 páginas, mas li rapidinho. Só não sei se vale muito a pena a leitura para quem já leu o mangá. Além de a adaptação ser bem fiel, no mangá o passado de alguns personagens é mais bem desenvolvido do que no livro. Mas pra quem gosta de distopias, é uma boa pedida.
Então fui à biblioteca e escolhi livros de autores que não conhecia ainda. Nessa pegada, li “As avós”, da Doris Lessing, e “Menino de Lugar Nenhum”, do David Mitchell. “As avós” é curtinho e parece ser uma história banal sobre a relação de duas grandes amigas e seus filhos, mas tem alguns desdobramentos interessantes. “Menino de Lugar Nenhum” é uma daquelas histórias típicas da adolescência, do garoto que não é totalmente um perdedor, mas também não é popular, e está buscando se afirmar de alguma forma. Gostei dos dois livros, mas sem morrer de amores.
Acabei lendo mais uma história em quadrinhos, “Como uma Luva de Veludo Moldada em Ferro”, do Daniel Clowes, que também entra na categoria de coisas perturbadoras. Só que eu não consegui entender direito a história (provavelmente vou ter que reler), apenas achei tudo muito, muito bizarro.
Em mais uma ida à biblioteca, peguei “O Verão e a Cidade”, da Candace Bushnell. Às vezes eu gosto de ler algo mais despretensioso, só pra passar o tempo, e a continuação de “Os Diários de Carrie” me pareceu perfeita pra isso. Além de Samantha, este livro introduz Miranda, e a Charlotte aparece no finalzinho. É tudo meio bobo, eu fico com raiva da Carrie várias vezes, mas li super rápido. O maior problema, pra mim, é que você sabe que nenhum relacionamento de nenhuma das personagens vai dar certo, senão elas não seriam quem são em “Sex and the City”.
E pra encerrar, terminei o mês lendo “As Filhas sem Nome”, da Xinran. Adorei, não tanto pela história, mas por poder mergulhar um pouco na realidade cultural da China. O livro se passa no início dos anos 2000, e conta a história de três irmãs que saem da zona rural e vão conseguir empregos e melhores oportunidades de vida na cidade. Como o pai queria ter tido filhos homens e não teve, ele não se preocupou em dar nomes para as meninas, chamando-as pela ordem em que nasceram. Assim, acompanhamos a vida das irmãs Três, Cinco e Seis. O interessante é que Xinran se baseou nas histórias de três mulheres que ela realmente conheceu (mas que não eram irmãs), e a autora busca exaltar essas mulheres batalhadoras que são tão menosprezadas pela sociedade e pela própria família. Esse tipo de história sempre me emociona, então com certeza vou ler outras coisas de Xinran.
Provavelmente, o livro favorito do mês